Esta coluna, produzida na Fábrica das Devesas, em Gaia, foi leiloada pela Cabral de Moncada, no seu último leilão. Curiosa, pedi autorização para fotografar a peça. Não pode brilhar em todo o seu esplendor, pois o local onde se encontrava não era o mais favorável. No entanto, não deixam de ser realçadas, quer a sua elegância, quer a riqueza da sua decoração.
Colocadas lado a lado, as duas imagens - ao vivo e no catálogo - corroboram a afirmação anterior.
António Almeida da Costa, a partir de 1870, tornou-se no único gerente da fábrica. O controle de todo "o processo produtivo, desde a obtenção das matérias-primas e seu transporte, até à produção e distribuição dos produtos"1permitiu-lhe alcançar um grande sucesso comercial, a que se aliava a boa localização da fábrica, bem como uma esclarecida estratégia publicitária do empresário.
No Catálogo da Fábrica das Devesas de 1910, sob o número 474, encontramos a coluna ultimamente leiloada. É descrita como uma coluna ornada, com o custo de 2$000 reis se for fosca ou de 3$000, se for vidrada.
Apresenta uma decoração clássica. Base com uma cercadura de folhagem, provavelmente de folhas de acanto. Segue-se uma parte da coluna ondulada. Novamente, uma ornamentação floral, que estabelece a separação com o restante fuste, liso. É encimado por uma secção rectangular, que servia para a colocação de outra peça.
Mostra uma marca relevada, mas com desgaste, pelo que é difícil identificar as palavras.
Também referenciadas como de fabrico das Devesas, um par de colunas leiloadas na Cabral de Moncada, em Dezembro de 2015. Na mesma página do Catálogo de 1910 pode observar-se o modelo, com o nº470. Vem com a designação de "Oliveira Monteiro" e o custo é de 3$500 reis - fosca - e 5$000 - vidrada -, respectivamente.
Ainda, seguindo na linha de publicitação dos seus produtos, António Almeida da Costa, começou " as exibições públicas de novos artefactos, quer no Porto, quer na própria fábrica, sobretudo em épocas que se sabia ser de grande afluência de pessoas à estação ferroviária das Devesas"2.
Também, como forma de divulgar os seus produtos participou em exposições nacionais e internacionais. Foi o caso, no ano de 1882, da Exposição de Cerâmica no Palácio de Cristal do Porto. A afluência foi grande, como nos demonstra a imagem publicada no nº147, da Revista "O Ocidente".
1/2 -Francisco Queiroz "Os Catálogos da Fábrica das Devesas". Chiado Editora, 2016, pg. 21 e 22.
Ivete
ResponderEliminarBela coluna e percebo lindamente a dificuldade em a fotografar. Estas peças eram destinadas a espaços muito específicos e assim descontextualizadas torna-se difícil captar toda a sua beleza. O Manel tem uma taça de faiança, provavelmente destinada a ser colocada em cima de uma dessas colunas ou a decorar os lados de um portão e vi-me grego para a fotografar.
Não sabia que o Francisco Queiroz tinha publicado um livro sobre estes catálogos. Creio que o vou comprar. Vai ser interessante compara-lo com as faianças que ainda decoram as velhas casas burguesas.
Um abraço
Luís
ResponderEliminarTem toda a razão. Nem sempre é fácil fotografar as peças e então quando estão em locais fora do contexto. No entanto, só tenho que agradecer a amabilidade da leiloeira em permitir as imagens. É uma peça muito bonita. Só é pena que não esteja colocada num local espaçoso, que lhe permita brilhar em todo o seu esplendor.
Quanto ao livro de Francisco Queiroz vale a pena comprar.
Um abraço
if