Mais um duo de ratinhos. Desta vez com uma ornamentação mais avant-garde, estilizada quer no formato, quer na disposição decorativa.
A mesma arca, já aqui mostrada diversas vezes, representa o casamento perfeito para qualquer tipo de faiança. Traz memórias de ranchos, de criados (desculpem a palavra, mas era a que se usava em casa dos meus avós, uma casa agrícola na qual trabalhavam homens e mulheres). Em pratos grandes, mas de esmalte, eram servidas as refeições, em comunidade. Agrupados à volta da mesa, cada um com o seu garfo de três dentes, em ferro, retirava calmamente a comida que, de seguida, molhava no prato ao lado.
Não sei dizer porquê, mas aquela refeição, aos meus olhos e dos meus primos, sabia melhor comparativamente à que tinha sido servida à mesa. As arcas serviam para guardar as fornadas de pão que se coziam quinzenalmente. Trigo e centeio, este último escuro, mas com um sabor tão próprio, que ainda hoje perdura no paladar.
Extravasei o tema.
Exemplares já mais avançados no tempo, talvez das primeiras décadas do século XX, mas com características decorativas dos ratinhos, observáveis na cercadura e no apontamento da pluma de pavão. Coloridos, tons ricos de azuis e verdes, mostram flores, únicas, que dominam e captam o nosso olhar.
A flor, esguia e elegante, espraia-se pelo covo, numa conjugação perfeita com os esponjados presentes na aba. O pintor, sabedor do seu ofício, rapidamente delineou uma flor que avulta ao centro, rodeada de folhas e flores em botão.
Este prato, palangana pelas dimensões, apresenta também uma flor única, enquadrada pelas folhas e demais folhagem. Policromia exuberante, forte, em que sobressaem os zuis e os verdes. Centralmente domina o amarelo ocre, tão do gosto dos artesãos conimbricenses. Ao cimo, quase que a esconder-se, a pluma de pavão, de raízes orientalizantes e uma das marcas da Faiança Ratinha.
Num artigo saído no jornal Público, de 3 de Fevereiro de 1998, a sua autora Luísa Soares de Oliveira diz que "com a cerâmica ratinha, estamos com toda a certeza perante a adaptação mais genuína dos padrões orientais, que séculos antes tinham já influenciado a azulejaria e a cerâmica europeias".
Este post é dirigido a todos os que apreciam esta faiança que acalma o olhar e enriquece a alma.
Não sei dizer porquê, mas aquela refeição, aos meus olhos e dos meus primos, sabia melhor comparativamente à que tinha sido servida à mesa. As arcas serviam para guardar as fornadas de pão que se coziam quinzenalmente. Trigo e centeio, este último escuro, mas com um sabor tão próprio, que ainda hoje perdura no paladar.
Extravasei o tema.
Exemplares já mais avançados no tempo, talvez das primeiras décadas do século XX, mas com características decorativas dos ratinhos, observáveis na cercadura e no apontamento da pluma de pavão. Coloridos, tons ricos de azuis e verdes, mostram flores, únicas, que dominam e captam o nosso olhar.
A flor, esguia e elegante, espraia-se pelo covo, numa conjugação perfeita com os esponjados presentes na aba. O pintor, sabedor do seu ofício, rapidamente delineou uma flor que avulta ao centro, rodeada de folhas e flores em botão.
Este prato, palangana pelas dimensões, apresenta também uma flor única, enquadrada pelas folhas e demais folhagem. Policromia exuberante, forte, em que sobressaem os zuis e os verdes. Centralmente domina o amarelo ocre, tão do gosto dos artesãos conimbricenses. Ao cimo, quase que a esconder-se, a pluma de pavão, de raízes orientalizantes e uma das marcas da Faiança Ratinha.
Num artigo saído no jornal Público, de 3 de Fevereiro de 1998, a sua autora Luísa Soares de Oliveira diz que "com a cerâmica ratinha, estamos com toda a certeza perante a adaptação mais genuína dos padrões orientais, que séculos antes tinham já influenciado a azulejaria e a cerâmica europeias".
Este post é dirigido a todos os que apreciam esta faiança que acalma o olhar e enriquece a alma.
Ivete
ResponderEliminarMuito obrigado por partilhar estes dois belos pratos ratinhos. Confesso que nunca tinha visto nenhuma peça deste tipo de faiança com uma pintura mais do tipo caligráfica. Normalmente, nos ratinhos, as flores são pintadas com um pincel mais grosso e com um traço mais rápido. Mas a Ivete lá conseguiu desencantar mais esta variante decorativa e partilha-la publicamente.
Também me recordo do enormes pães de centeio, muitos escuros e que tinham um sabor estupendo. Aliás, nunca mais consegui encontrar desse pão. Em Vinhais, no distrito de Bragança, encontro ainda à venda pão centeio, mas não é tão bom, nem tão escuro. Creio que deve ter uma mistura de trigo para se adequar mais ao paladar contemporâneo. Julgo que o sabor do centeio preto ficou para muitos associado à miséria de tempos passados.
Um abraço
Luís
EliminarOs ratinhos mais modernos, já do século XX, adaptaram-se às novas correntes artísticas, se bem que mantivessem algumas das características que os identificam de imediato: esponjado e pluma de pavão.
Quanto ao início do texto, concordo com o Luís quanto ao pão centeio, escuro e às vezes já um pouco duro. Mas o que sabia de bem, ultrapassava esse mal. Hoje, com as misturas das farinhas, já nem o sabor se aproxima.
Um abraço
if