quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Igreja de S. Quintino ou um tesouro em azulejos








Imagem retirada da internet

A descoberta de um tesouro...
Numa ida à vila da Merceana, passei pela freguesia de S. Quintino, no concelho de Sobral de Monte Agraço.  Em posição sobranceira, dominando o casario, destaca-se uma pequena igreja dedicada a São Quintino. Só quando me aproximei é que me apercebi de toda a sua beleza. No branco caiado da sua frontaria, sobressai a cor da pedra. Datada de 1530, percebe-se a delicadeza do seu trabalho, qual renda tecida pelas mãos obreiras de uma qualquer rendeira.







O portal manuelino é ladeado por duas pilastras esculpidas com grutescos, figuras fantásticas e antropomórficas, flores e enrolamentos vegetalistas.
Quando entramos, uma inscrição latina, num  tecto pintado, convida-nos à oração.




O seu interior fascina pela cor e diversidade dos azulejos.
Logo à entrada, deslumbram-nos os raros painéis de azulejo ponta de diamante, que se repetem também no baptistério.



As naves e arcadas estão cobertas de azulejos barrocos: figurativos, albarradas e de  padrão.





Na campanha de obras, que data de 1738, para além dos novos revestimentos, foram reaproveitados e aplicados na parede do fundo de uma das capelas laterais alguns dos azulejos hispano-árabes já existentes.




No frontal de do  altar destaca-se uma cruz, ladeada por uma cercadura de azulejos de rendas,  os quais embora de produção posterior, se harmonizam  perfeitamente no conjunto.


O culto de S. Quintino terá sido introduzido na península aquando da vinda dos cavaleiros franceses, para ajudarem na reconquista cristã.
Filho de um senador romano converteu-se ao cristianismo e partiu para o norte da Gália, numa acção evangelizadora.Preso e alvo de terríveis torturas, porque se recusava a abandonar a sua fé, tornou-se mártir. O seu túmulo encontra-se na cidade francesa de Saint-Quentin, onde é venerado.




www.momumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2439


11 comentários:

  1. Ivete

    Digo muitas vezes que qualquer humilde capelinha em Portugal é um museu de arte sacra em potência. Esta igreja que aqui mostrou é além disso também um pequeno museu do azulejo e muitíssimo rico.

    Quanto ao S. Quintino interrogo-me muitas vezes sobre a origem destas devoções. Sei que muitas vezes estas igrejas foram erguidas e sagradas para receber uma relíquia vinda de fora a expensas de algum importante clérigo ou nobre. Em alguns desses casos, a tradição popular confundiu essa fundação remota a partir de uma relíquia e criou uma série de lendas, em que um santo de que se possuia um osso ou uma unha, martirizado em Espanha ou França terá passado por aquele local e feito uma série de milagres. Outras vezes estes cultos substituem antigas divindades pagãs cujo santuário era exactamente no mesmo local.

    É um aspecto da história quase misterioso, mas fascinante. O Moisés Espírito Santo escreveu muito sobre estes temas, embora sem grande recurso a fontes documentais. É uma área que me interessa muito, mas eu não sou nem um académico, nem um investigador para prosseguir um estudo sobre um tema quase infinito.

    Um abraço

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  2. Luís

    Quantas vezes, inesperadamente, se nos depara um verdadeiro tesouro. Foi o caso destes azulejos. Externamente, para além de um belíssimo portal manuelino, é uma pequena igreja, mais uma entre outras tantas. Quando nos convidam a entrar na casa das orações, é o verdadeiro encanto. São, como diz, pequenos museus, ignorados, por esse Portugal.
    Quanto ao culto das relíquias também é um enigma. Como é possível, um só corpo dar origem a tantas fragmentos?

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  3. Ivete,

    Tentando voltar.


    Estes azulejos são de doer os olhos de tanto que se os quer olhar.

    Tenho um tio chamado Quintino e nem sabia que havia um Santo com este nome.

    Desculpe pela brevidade do cmt. Depois volto.

    Um abraço.

    ab

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    1. Amarildo

      Obrigada pelo seu comentário. É um prazer encontrar pessoas que apreciam estes pequenos tesouros desconhecidos, mas tão gratificantes para os nossos olhos.
      Um abraço
      Ivete

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  4. Ivete, já viu o privilégio que nós temos em podermos entrar numa qualquer igrejinha de uma pequena localidade do nosso país e depararmos com um tesouro destes?
    Ganhei ainda mais essa consciência na minha viagem recente ao Brasil, aquele país que é quase um continente. Há núcleos interessantes e ricos de património de origem portuguesa, mas é realmente aqui, neste território tão pequeno àquela escala, que se concentram ainda tantos e tão belos vestígios do nosso passado.
    Obrigada por dar a conhecer este pequeno mimo.
    Um abraço

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  5. É verdade. Temos tanta riqueza ignorada pelo nosso país, esquecida ou simplesmente escondida. Só esperam ser encontradas para revelarem toda a sua beleza. Esta, tão perto de Lisboa, a uns escassos quarenta km, merece uma visita para ser devidamente apreciada e admirada.
    É, como muito bem diz, um mimo!
    Um abraço
    Ivete

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  6. Lindos os Azulejos de ponta de Diamante, na Igreja de Ota após a restauração feita ficou uma beleza, com toda aquela harmoniosa cercadura em volta Não me canso de contemplar aquela arte

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    1. Boa tarde, Carminda Honrado
      Concordo em pleno com a sua opinião. De toda a variedade de elementos decorativos da nossa azulejaria, os de ponta de diamante são os mais elegantes e preciosos. Vistos de longe e aplicados numa grande extensão, são soberbos.

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  7. Excelente descoberta, grande qualidade dos azulejos e porta manuelina. Parabéns do Jorge Maio

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    1. Jorge Maio
      Agradeço o seu comentário. Realmente, foi uma descoberta inesperada. Vista de longe, é uma igreja não muito grande. O portal manuelino é magnífico, bem com todo o património azulejar que cobre as suas paredes e altares.
      É possível visitar o edifício, bem como o seu interior.

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  8. E é fácil de visitar o interior? Obrigado.

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