Pequeno oratório popular, que poderá ter pertencido a uma qualquer casa privada. À sua volta congregava-se a família para os momentos íntimos de oração. Poderia ocupar o espaço do quarto, mais recolhido, ou estar exposto em lugar de honra da casa. Comparativamente aos grandes retábulos das igrejas barrocas que foram, possivelmente, a sua fonte de inspiração, este, pelo seu cariz particular, apresenta proporções singelas.
Saído das mãos de um artesão anónimo, talvez resultante de encomenda sujeita ao gosto e poder económico do seu possuidor, foi executado numa única peça: mede 66 cm de altura por 27 cm de fundo.
É uma estrutura de pousar ou pendurar numa parede e destinava-se a abrigar os santos, especialmente os da fé familiar que compunham o cenário religioso dedicado à sua veneração.
Apresenta uma estrutura por andares, encimado por uma rosa esculpida em profundidade. Na base, um anjo de asas alongadas, suporta o peso da composição. A face, ainda relativamente bem conservada, revela, no delinear amendoado dos olhos, uma possível (?) influência oriental
O nicho principal, bem esculpido na espessura da madeira, configura um altar com uma peanha ladeada por duas volutas. A toda a sua volta podemos observar elementos vegetalistas, entalhados de forma minuciosa. Conferindo-lhe alguma profundidade, esssas volutas convergem para o interior, como que chamando a atenção para a imagem que estaria em exposição.
No segundo andar, dois pequenos altares,levemente recuados, apresentam-se com arcos de volta perfeita, perfazem uma composição simétrica e de decoração mais simples, como que dando realce ao altar principal.
Dada a sua exiguidade, é natural que pudessem ter tido expostas pequenas imagens de marfim, cuja cor ressaltaria do colorido da sua pintura.
Para que refulgisse em toda a sua beleza, colocaram-se algumas imagens nos nichos, escolhidas unicamente pelas suas dimensões. Não se coadunam nem com o estilo, nem provavelmente com a época. Um Menino Jesus de Malines e duas imagens que, possivelmente, integraram uma composição do Calvário.
Ivete
ResponderEliminarTambém me encanto por oratórios, maquinetas e outras beatices, como lhes chama o Manel. Este é particularmente encantador pela sua simplicidade e serviu na perfeição como cenário para o Menino Jesus de Malines e duas imagens de Calvário. Aliás só ganhou realmente vida e a sua graça plenamente com as imagens postas, o que mostra bem que estas peças eram no fundo concebidas como um todo.
Um abraço e boa Páscoa
A graça e leveza do oratório está na sua simplicidade. Encantou-me pelas formas e pela policromia que ainda resta. O tom de azul que ainda se pode ver deixa perceber uma pintura que deve ter sido muito ingénua. As imagens deviam ter uma dimensão adequada ao interior dos nichos, mas estas foram as que melhor se lhe adaptaram.
EliminarUm abraço e boa Páscoa.
if
Ivete,
ResponderEliminarDeve ser muito invulgar este tipo de oratório com os nichos para as imagens. Eu só conheço algo do género no acervo do Museu de Aveiro, o oratório de Santo António, mas também me lembrei de alguns oratórios-bala brasileiros que têm nas portas peanhas para vários santos.
Este só por si é encantador, mas depois de preenchido com as imagens faz um conjunto fantástico!
Boa Páscoa! Beijos
Maria A.
EliminarDos muitos oratórios que tenho visto este foi o que me encantou pala sua originalidade. Também gostei imenso daqueles que pude ver do Museu do Oratório, no Brasil. Pode perceber-se a influência portuguesa, adaptada às características do interior brasileiro. Muitos dos nossos pecam, a meu ver, por serem demasiado grandes e pomposos.
Boa Páscoa. Um abraço
if