segunda-feira, 29 de abril de 2019

Igreja de S. Domingos de Benfica



No dia 5 de Abril realizámos uma visita de estudo à Igreja de N.Srª. do Rosário, anteriormente conhecida por Igreja Paroquial de S. Domingos de Benfica. Apesar do dia invernoso, foi um momento interessante, que nos deu a conhecer um conjunto de edifícios, o antigo convento dominicano, no qual a igreja se integra.
A fachada principal revela a sua simplicidade maneirista. Observa-se uma empena rematada por uma cruz, um portal flanqueado por pilastras e  uma janela que ilumina o interior. Na parte superior do portal são visíveis as armas da Ordem, bem como a data 1632, referente à sua edificacão.





A igreja apresenta uma planta em forma de cruz latina. A nave central, cortada por um transepto pouco definido, remata na capela - mor profunda, que se apresenta seccionada, originando deste modo um retro-coro, estando adossada a sacristia. 
Possui belissímos painéis azulejares figurativos, azuis e brancos, de autoria de José de Oliveira Bernardes, ,de uma beleza eterna, representando cenas das vidas de São Francisco e São Domingos, embelezam a capela-mor. Esta, de pequenas dimensões, mostra uma cobertura em caixotões de estuque pintado. Contém o altar e o retábulo-mor, de dupla face, de talha dourada e planta recta e três eixos definidos por seis colunas coríntias, sobre plintos em forma de paralelipípedo. Centralmente, cobertura em arco de volta perfeita, onde se destaca o sacrário, em forma de pequeno templo. Toda a talha é de autoria do mestre Jerónimo Correia.






Uma perspectiva do coro-alto, em madeira e ferro, de perfil curvo, com guarda vazada e acessos por escadas laterais.





A sacristia apresenta uma planta rectangular simples e as paredes divididas em dois planos, o superior com apainelados de madeira, integrando painéis pintados.
Lateralmente, dois arcazes de madeira, encimados por espaldar de apainelados, intercalados por espelhos.






Nos topos dos braços surgem as capelas retabulares dedicadas a Cristo Crucificado e a Nossa Senhora do Rosário, rodeadas por painéis azulejares co a representação de anjos sustentando festões floridos.


No retro-coro é-nos dado apreciar as paredes decoradas com estuques e cobertura com caixotões ornamentados com cartelas, também em estuque.
Aí se encontram o cadeiral, o orgão de tubos e o túmulo do Dr. João das Regras, talhado em mármore branco de Montelavar.






1 comentário:

  1. Ivete

    Ainda me lembro bem do tempo em que esta igreja era a paroquial de S. Domingos de Benfica. Fiz lá minha primeira comunhão. Era um tempo em que todos iam à missa ao Domingo e não havia "mas nem meio mas", para nós as crianças. Confesso-lhe que para mim era um suplício. Nunca consegui perceber o significado daquilo tudo. Ainda hoje, quando tenho que ir a uma missa, ou porque morre ou casa alguém é um tremendo sacrifício. Creio que a liturgia é um dos factores que me afasta definitivamente do catolicismo e se algum dia reencontrar a fé, irei ajustar as minhas contas com Deus sozinho, em casa, num descampado ou numa ermida sem ninguém.

    No entanto, lembro-me bem de em miúdo ficar fascinado com os azulejos desta igreja, que eram um motivo de distracção perfeito para mim, que sempre fui sensível às artes visuais.

    Depois veio o 25 de Abril e tudo se modificou. A minha mãe que era uma praticamente convicta tornou-se uma católica crítica. Ficou profundamente desagradada com a intenção de construir a nova Igreja nas Furnas, que achava um desperdício de dinheiro. E de facto, além de ser um edifício muito feio, o novo templo das furnas é desmesuradamente grande e falta-lhe alma. Foi a partir dessa altura que acabou a obrigação de ir á missa.

    Em todo o caso, creio que o fascínio pela azulejaria portuguesa começou na velha igreja de S. Domingos de Benfica.

    Um abraço

    ResponderEliminar